Duas semanas antes de ser assassinado em Praia Grande (SP), o ex-delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, já deixava claro que estava vulnerável. Em entrevista a um podcast da CBN e do jornal O Globo, ele desabafou:
“Eu moro sozinho aqui, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é o meio deles. Hoje, eu não tenho estrutura nenhuma…”, disse.
Na última segunda-feira (15), Ruy, de 68 anos, foi morto em uma emboscada cinematográfica: perseguido por criminosos armados, bateu o carro em um ônibus e acabou alvejado por mais de 20 disparos em poucos segundos.
Quem foi Ruy Ferraz Fontes?
- Mais de 40 anos na Polícia Civil, onde ganhou fama no combate ao crime organizado.
- Foi um dos primeiros a mapear o PCC e participou da prisão de lideranças, incluindo o chefe Marcola.
- Entre 2019 e 2022, comandou a Polícia Civil paulista e determinou a transferência de integrantes da facção para presídios federais.
- Também atuou no DHPP, Deic, Denarc e Decap.
- Desde 2023, era secretário de Administração de Praia Grande.
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Linha de investigação
A polícia trabalha com duas hipóteses principais:
- Vingança pela sua atuação histórica contra os chefes do PCC;
- Reação local, ligada às decisões tomadas enquanto secretário em Praia Grande.
O governador Tarcísio de Freitas anunciou uma força-tarefa envolvendo o Deic e o DHPP para identificar os mandantes e executores.
“Jurado de morte” desde 2006
Segundo o procurador Lincoln Gakiya, Ruy estava marcado para morrer há quase 20 anos, depois de idealizar um projeto que concentrou as lideranças do PCC em Presidente Venceslau, um dos presídios de segurança máxima de São Paulo.
Impacto no combate ao crime
Colegas de Ruy reforçam o tamanho da perda:
- Márcio Christino, ex-promotor: “Estou em choque, fui o último a falar com ele. Trabalhamos juntos no enfrentamento ao PCC.”
- Rafael Alcadipani, professor da FGV: “Ele foi peça-chave contra o PCC. Sua execução mostra o poderio da facção.”