A nova atualização da Organização Mundial da Saúde (OMS) trouxe uma boa notícia — e um alerta. Em 24 anos, os casos de sarampo no mundo despencaram 71%, caindo para cerca de 11 milhões. Essa virada histórica só aconteceu graças a um fator: vacinação em massa.
Segundo o relatório, entre 2000 e 2024, a imunização contra o sarampo evitou quase 59 milhões de mortes. As mortes registradas caíram 88%, chegando a 95 mil — números que mostram o impacto direto das campanhas globais de saúde.
Mas nem tudo é vitória. O sarampo voltou a aparecer com força em vários países no último ano, com um aumento de 8% nos casos em comparação ao período pré-pandemia (2019). A boa notícia é que, mesmo com mais infecções, as mortes caíram 11%, porque muitos desses novos surtos aconteceram em países onde a taxa de letalidade é menor.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reforçou que o sarampo não perdoa descuidos:
“É o vírus mais contagioso do mundo e explora qualquer brecha na nossa proteção.”
E o problema está justamente nessas brechas. O sarampo costuma ser o primeiro a ressurgir quando a vacinação dá uma caída — e isso vem acontecendo. Em 2024, 59 países registraram surtos grandes ou preocupantes, o maior número desde a pandemia de covid-19. Até países ricos, que já tinham eliminado a doença, voltaram ao mapa: Canadá, EUA e México tiveram milhares de casos e até mortes.
Kate O’Brien, diretora de imunização da OMS, comparou o fenômeno a um “alarme de incêndio”:
“Pequenas quedas na cobertura vacinal já são o suficiente para iniciar surtos.”
Ela ainda alertou que falhas parecidas podem abrir espaço para outras doenças evitáveis, como difteria, coqueluche e poliomielite.
Além da vacinação abaixo do ideal, há outro problema: cortes de financiamento. A Rede Global de Laboratórios de Sarampo e Rubéola perdeu parte de seus recursos depois que os Estados Unidos deixaram de ser o principal financiador. Com isso, equipes foram reduzidas e países podem ficar ainda mais vulneráveis em 2025.
Hoje, 84% das crianças recebem a primeira dose da vacina contra o sarampo — número um pouco abaixo do período pré-pandemia. Já a segunda dose, essencial para uma proteção completa, chega apenas a 76% das crianças.
Para realmente controlar a doença, a OMS reforça: é preciso atingir 95% de cobertura nas duas doses, que garantem 97% de eficácia.



