Baco Exu do Blues está de volta com um disco que chega pesado de conceito, referências e camadas. “HASOS”, quinto álbum de estúdio do artista, já está disponível nas plataformas e carrega um significado direto no título — mas não tão óbvio assim.
O nome, explica Baco, é um anagrama derivado do latim. “É um anagrama. Para achar o significado, você tem que botar os traços e as pontas no lugar certo. A gente simplificou. ‘HASOS’ significa ‘a humildade mata o orgulho’ em latim”, contou ao POPline. O termo aparece gravado na espada de uma obra do pintor Caravaggio, uma das grandes inspirações do projeto.
Três anos de criação e um mergulho na arte
O álbum, que levou três anos para ficar pronto, nasce de um caldeirão de referências que vão de cinema à literatura brasileira. Baco cita Martin Scorsese, Glauber Rocha, Jorge Amado, Rubem Alves e Ariano Suassuna como pilares que moldaram a estética e a narrativa do disco.
“Mostrei o álbum para o professor de história Matheus Buente… ele virou pra mim e disse: ‘Caral**, Baco! Isso tá Jorge Amado pra caral**, né irmão?’. É exatamente isso”, contou o artista, rindo.
Caravaggio volta a aparecer de forma ainda mais direta em uma das faixas, “Caravaggio Com Colar de Gandhy”, nascida após o rapper mergulhar na história do pintor. Ele ficou impressionado com o contraste entre o artista violento — que chegou a matar duas pessoas em duelos — e a devoção que a Igreja tinha por seus quadros. Para Baco, esse paradoxo era simbólico demais para ignorar.
Um disco que não deixa ninguém “impune”
A proposta de “HASOS” era clara desde o começo: afetar todo mundo que ouvir. Não importa quem seja, pelo menos uma faixa precisava provocar algo — incômodo, identificação, arrepio, reflexão.
Para ampliar essa experiência, o álbum reúne um time diverso de vozes: Vanessa da Mata, Teto, Zeca Veloso, Sued Nunes, Joyce Alane, Mirella Costa, IVYSON e Carol Biazin. Além disso, textos e interpretações ganham força com Fabrício Boliveira, Luiz Carlos Persy, Raphael Logam, Wesley Reis e Luellem de Castro.
Curiosamente, a intenção inicial de Baco era não chamar ninguém. Mas o processo mostrou outra necessidade:
“Esse era o álbum que eu não queria chamar ninguém, na verdade. Tenho que ser bem sincero. Só que, como estava muito concentrado nas narrativas, entendi que eu não era o suficiente para o que estava criando. Eu precisava de ajuda para acessar os lugares das pessoas. Eu sabia que sozinho não ia conseguir”, afirmou.
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Um trabalho que mistura arte, dor, provocação e beleza
“HASOS” chega como um álbum denso, cinematográfico e cheio de personalidade — daqueles que não pedem pressa, e sim atenção. Baco mistura poesia, política, história, memórias e caos emocional em um disco que reafirma seu lugar singular dentro da música brasileira.
É um trabalho que provoca, que abraça e que desafia — e que entrega exatamente aquilo que promete no nome: humildade contra orgulho, arte contra superfície.




