A Avenida Paulista virou palco de um grito coletivo no último domingo (7): “Basta ao feminicídio!”. Milhares de mulheres — e muitos homens aliados — tomaram a principal via de São Paulo em um ato nacional que também mobilizou cidades de vários estados, como Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e outros.
O movimento, organizado em menos de dez dias, reuniu faixas, cartazes, música, discursos emocionados e um pedido urgente: o fim da violência contra mulheres e punições mais rígidas para crimes motivados por misoginia.
Misoginia, liberdade e educação: temas que atravessam o debate
Entre as integrantes do ato estava a professora Jessica Torres, 39, que resumiu o motivo de estar ali:
“É importante tornar visível o quanto a misoginia fere o direito da mulher de existir. Tudo começa aí”.
Jessica também reforçou a importância de falar sobre respeito e igualdade desde cedo. Ela trabalha o tema no ensino infantil porque, segundo ela, crianças carregam para a escola comportamentos que reproduzem padrões discriminatórios aprendidos em casa.
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A pedagoga Fernanda Prince, 34, que trabalha com turmas de 6 a 8 anos, concorda:
“As crianças entendem rápido. Claro que sempre tem uma família que vê isso com maus olhos, mas é essencial falar desde cedo sobre violência e igualdade. Até os brinquedos carregam mensagens que influenciam esses padrões”.
Fernanda disse estar “exausta” com o aumento dos feminicídios e com a facilidade com que discursos machistas ganham espaço nas redes — e que por isso decidiu ir às ruas:
“Não dá mais pra ficar em silêncio”.
A força das periferias e a urgência de políticas públicas
Para Maria das Graças Xavier, 58, integrante de um movimento de moradia da zona sudeste, a articulação do ato mostrou o quanto a pauta é urgente:
“É machismo estrutural. É patriarcado. E tudo isso mata mulheres todos os dias. Nas periferias a gente vê isso de perto: mulheres machucadas, ameaçadas, e histórias que acabam em morte porque homens não aceitam igualdade”.
Ela defende que o Estado precisa assumir um papel mais ativo em campanhas e políticas públicas de combate à violência.
Punições mais duras: um pedido que ecoou na Paulista
Em meio ao mar de cartazes, uma mensagem se repetia: leis mais severas contra agressões e assassinatos de mulheres.
A comerciante Lilian Lupino, 47, explicou esse sentimento:
“Existe uma cultura milenar de opressão às mulheres. Tem muita mulher morrendo todos os dias — física e psicologicamente. E muitos homens se sentem protegidos porque as punições ainda são brandas”.
O ato terminou com performances, discursos de coletivos feministas e uma galeria de cartazes espalhados pela Avenida Paulista — um mosaico da revolta, força e resistência das mulheres brasileiras.




