A Câmara dos Deputados aprovou, com 493 votos a favor, o projeto que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A medida ainda precisa passar pelo Senado, mas a expectativa do governo é que seja aprovada até o fim do ano para começar a valer já em 2026 (referente ao imposto declarado em 2027).
Quem se beneficia?
Hoje, a isenção vale apenas para quem recebe até R$ 2.259. Na prática, com o desconto simplificado, quem ganha até dois salários mínimos (R$ 3.036) não paga nada.
Com a nova regra, cerca de 10 milhões de pessoas devem ficar livres do IR.
E a conta, quem paga?
Para compensar a perda de arrecadação (estimada em R$ 25,8 bilhões em 2026), o projeto cria uma alíquota mínima de até 10% para os super-ricos, ou seja, pessoas que recebem mais de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil por ano).
Hoje, esse grupo paga uma alíquota média de apenas 2,54%, mas, se a medida passar, milionários vão contribuir em patamar parecido ao da classe média.
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Bastidores da aprovação
O texto foi relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) e enviado pelo governo em março. A tramitação também reflete uma disputa política: no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) já tinha puxado um projeto parecido, e a briga entre ele e Lira, ambos de Alagoas, deu o tom dos bastidores.
Foram apresentadas mais de 100 emendas tentando mexer no texto — algumas defendiam até que os cortes viessem do gasto público ou favorecessem o agronegócio. No fim, só três mudanças foram aceitas, ajustando detalhes técnicos de cálculo para cartórios e empresas ligadas ao Prouni.
Por que isso importa?
Um levantamento do Sindifisco mostra que, nos últimos 20 anos, os super-ricos no Brasil vêm pagando proporcionalmente menos IR que a classe média. A defasagem da tabela e a isenção sobre dividendos ajudaram a ampliar essa desigualdade.
Com a mudança, o governo promete corrigir essa distorção histórica: quem ganha pouco deixa de pagar, e quem ganha muito entra na conta.