No ano em que a morte de Cazuza completa 35 anos, um novo documentário chega aos cinemas pra lembrar quem ele realmente foi — e não quem tentaram transformar depois. “Cazuza: Boas Novas”, dirigido por Nilo Romero (amigo e parceiro do artista) e Roberto Moret, é um mergulho cru, íntimo e apaixonado na história de um dos maiores nomes do rock nacional.
Mas não espere uma homenagem padrão com cortes bonitinhos e frases prontas. Esse doc é visceral — um retrato de Cazuza pelos olhos de quem conviveu com ele, e isso faz toda a diferença.
Nada de canonizar ídolo. Aqui o Cazuza é real
Cazuza aparece como foi: genial e insuportável, intenso e inconsequente, doce e desbocado. Um artista que não cabia em caixinhas. E é essa complexidade que o documentário abraça sem medo.
Com depoimentos de gente como Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Frejat, George Israel e da mãe, Lucinha Araújo, o filme costura memórias, imagens de bastidores, VHS antigos, trechos de shows e entrevistas que ainda arrepiam. Tudo embalado por uma trilha sonora montada como se fosse uma playlist viva, cheia de hits e raridades.
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Um grito contra o tempo da “limpeza digital”
“Cazuza: Boas Novas” não passa pano, mas também não pesa a mão. Mostra o cantor enfrentando a AIDS de cabeça erguida, cutucando o sistema, cuspindo na bandeira em pleno palco, lidando com preconceitos, dores e polêmicas sem querer parecer herói.
Tem até espaço pra boas risadas, como a história contada por Leo Jaime sobre um golpe telefônico nos EUA. Porque Cazuza era isso também: humor ácido, gargalhada solta e zero paciência pra censura.
No fim, fica a pergunta que não quer calar: onde estão os Cazuzas de hoje?
Num Brasil onde tudo parece ter que ser “aceitável”, “comportado” ou “explicado”, o filme escancara o vazio que ficou. E mostra que a arte, quando é verdadeira, não precisa ser polida — precisa ser sentida.