A política de cotas da UERJ acaba de completar 22 anos — e, nesse tempo, ajudou a abrir portas que antes pareciam impossíveis para muita gente. Um dos exemplos é Henrique Silveira, que cresceu em Imbariê, na Baixada Fluminense, e usava carroça para ajudar o pai no trabalho. Hoje, ele é subsecretário de Tecnologias Sociais da Prefeitura do Rio.
Henrique entrou na universidade em 2006, pelo curso de Geografia, e conta que a oportunidade mudou tudo. “A cota me tirou de um lugar sem perspectiva e me deu a chance de construir outra vida”, resumiu. O encontro recente promovido pela UERJ reuniu egressos para debater justamente isso: o impacto real dessas duas décadas de ações afirmativas.
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Desafios que continuam — e novas vozes em cena
A dentista Maiara Roque, que ingressou em 2013, lembra que o começo não foi simples. Além da bolsa estudantil limitada na época, ela ainda enfrentou olhares desconfiados por ser uma jovem negra cotista. Com o tempo, veio o pertencimento — e a certeza de que estava no lugar certo. Hoje, ela atende na própria comunidade, na Penha, e vê sua trajetória como uma forma de retribuir.
Já para o historiador David Gomes, morador do Complexo da Penha, entrar na universidade abriu caminhos que muitos dos seus vizinhos nunca tiveram. Ativista dos direitos humanos, ele defende que a UERJ repense o critério de renda para as cotas raciais, especialmente na pós-graduação, onde a exigência atual acaba excluindo quem já trabalha e ganha um pouco mais, mas ainda enfrenta desafios sociais enormes.
Resultados que já aparecem nos números
Pesquisas mostram que, ao longo dos anos, as cotas ajudaram a reduzir a diferença no acesso ao ensino superior entre pretos, pardos e brancos. Ainda é um caminho longo, mas é inegável que a medida mudou o perfil das salas de aula e deu oportunidade a milhares de jovens que antes não chegavam à universidade.
E agora? Uma nova fase pela frente
A política de cotas da UERJ será revisada novamente em 2028, e a universidade já começou conversas para entender o que precisa melhorar. Entre as sugestões dos egressos estão:
- simplificar a comprovação socioeconômica,
- fortalecer pré-vestibulares populares,
- e mapear melhor a trajetória profissional dos alunos que entraram pelo sistema.
O que ninguém questiona é o impacto: mais de 32 mil estudantes ingressaram na UERJ por meio das cotas raciais e sociais desde sua criação.




