O Tribunal de Justiça de Santa Catarina viveu um momento histórico na quinta-feira (27). O juiz e professor Alexandre Morais da Rosa, diagnosticado na vida adulta com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1, tomou posse como desembargador após ser promovido pelo critério de antiguidade.
Com 27 anos de carreira, Alexandre tem uma trajetória consolidada no Judiciário catarinense. Ele é graduado e mestre em Direito pela UFSC e doutor pela UFPR, além de ter passado por comarcas em todas as regiões do estado, como Criciúma, Joinville, Itajaí, São Miguel do Oeste e Florianópolis.
Também já atuou como juiz auxiliar da presidência do TJ/SC e como juiz instrutor no gabinete de um ministro do STF.
Diagnóstico tardio que mudou a rotina
O TEA foi confirmado em 2021, após avaliações com psiquiatras e psicólogos. Segundo Alexandre, entender o diagnóstico o ajudou a reorganizar a rotina — principalmente em atividades que exigem interação direta ou trabalho em equipe.
Ele também utiliza um cordão de identificação de deficiência não visível, ferramenta importante para evitar constrangimentos e facilitar a comunicação em sessões e eventos institucionais.
Além de magistrado, Alexandre é professor universitário e autor de diversos livros jurídicos, contribuindo para a formação de profissionais do Direito em todo o país.
Memória, atenção e erros judiciais
Em uma entrevista à TV Migalhas em 2023, Alexandre falou sobre como a memória funciona e por que ela nem sempre é confiável — ponto crucial para o sistema de Justiça.
“O registro depende da atenção. Se estávamos focados ou envolvidos em outras questões. Tudo isso interfere na forma como conseguimos reproduzir o que realmente aconteceu.”
Ele destacou que a memória deve ser vista como um fator de risco na análise de depoimentos, reforçando a importância de critérios técnicos para evitar erros judiciais.



