Meses antes da megaoperação que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, a Polícia Civil do Rio já tinha em mãos um conjunto de provas que mostrava o tamanho do poder do Comando Vermelho (CV) nas comunidades da zona norte.
📱 Conversas interceptadas com autorização da Justiça, vídeos e registros de celulares apreendidos revelaram o que muitos moradores já sabiam: quem manda na favela, manda na vida e na morte.
As ordens partiam diretamente do alto comando da facção — nomes como Edgar Alves de Andrade (Doca) e Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala) — e desciam a uma rede de subordinados que executava sem questionar.
⚔️ Domínio total e “profissionalização do crime”
As imagens analisadas mostram homens fortemente armados circulando por becos, entradas e morros com fuzis de guerra. Até cães treinados faziam parte do esquema de segurança.
Segundo os investigadores, o grupo mantinha uma estrutura quase militar, com coordenação rígida e regras internas duras.
Um detalhe chocante: em áreas isoladas do alto da Penha, o CV realizava treinamentos com fuzis, onde jovens eram orientados a atirar contra garrafas — como se fosse um campo de tiro improvisado.
Para a polícia, isso mostra o que chamam de “profissionalização do crime”.
❄️ Tortura com gelo e castigos públicos
Os vídeos e mensagens apreendidos também expõem o lado mais cruel do controle imposto pelo tráfico.
As chamadas de vídeo eram usadas para que chefes da facção assistissem em tempo real a punições aplicadas a moradores e rivais.
O traficante Juan Brenos Ramos, o BMW, é apontado como o executor das ordens. Em uma das gravações, ele aparece arrastando um homem algemado e amordaçado, enquanto debocha das súplicas da vítima.
Mulheres também aparecem sendo castigadas — algumas colocadas dentro de tonéis com gelo por causa de brigas em bailes funk. Segundo a polícia, o método tinha intenção de humilhação pública.
🧱 Estratégia e expansão
Outro ponto identificado pela investigação foi a presença de criminosos posicionados próximos a escolas, como forma de dificultar ações policiais.
As autoridades acreditam que a escolha era estratégica: usar a presença de crianças e adolescentes como escudo para suspender confrontos.
O Ministério Público e a Polícia Civil apontam ainda que o comando do CV no Rio abrigava chefes vindos de outros estados, como Bahia, Amazonas, Pará e Ceará, transformando o território fluminense em base de expansão nacional da facção.
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🚨 Caçada aos líderes
Mesmo com mandado de prisão, Doca não foi capturado durante a Operação Contenção.
Segundo as investigações, ele teria usado homens armados como barreira humana para escapar.
O criminoso é considerado uma das peças-chave da expansão recente do Comando Vermelho e segue foragido.
O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil de recompensa por informações que levem à sua captura.
🧩 Entenda o contexto
A Operação Contenção foi a mais letal da história do Rio, com 121 mortos e mais de 100 prisões. O governo do estado classificou a ação como “um sucesso”, mas familiares e entidades de direitos humanos denunciam execuções e torturas.
A investigação agora busca saber até onde o Estado conhecia a estrutura do CV — e por que o comando da facção continua operando mesmo após anos de operações violentas.



