Uma tecnologia de imagem desenvolvida por cientistas norte-americanos promete deixar o mundo nanoscópico mais colorido. Como se fosse uma “varinha mágica”, o novo instrumento se mostrou capaz de revelar cores e detalhes antes invisíveis até aos microscópios ópticos mais poderosos. A técnica foi descrita em estudo publicado na revista científica Nature Communications nesta quinta-feira (25) e pode ser de especial utilidade à indústria dos eletrônicos.
Desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Califórnia de Riverside, nos Estados Unidos, a ferramenta permite medir sinais abrangendo toda a faixa de comprimento de onda de luz visível. A equipe conseguiu melhorar a resolução da imagem colorida para 6 nanômetros — um nível sem precedentes.
“[O novo método] é uma ferramenta poderosa para caracterização de propriedades ópticas em escala nanométrica”, resumem os autores no estudo. Eles estimam que a tecnologia poderá ser uma ferramenta importante para ajudar a indústria de semicondutores a fabricar nanomateriais uniformes com propriedades consistentes para uso em dispositivos eletrônicos.
Como funciona?
Em resumo, o que acontece é que a luz branca de uma lâmpada de tungstênio (material utilizado em lâmpadas incandescentes) é comprimida na ponta de um nanofio de prata com raio de apenas 5 nanômetros, com dispersão ou reflexão quase zero. A luz é então transportada da ponta do nanofio para a superfície de um objeto, como o feixe de luz de uma lanterna. É aí que a influência da luz na forma e na cor do feixe é detectada.
Focada em um espectrômetro, a luz forma um anel minúsculo. E os pesquisadores, ao escanear o registro sobre uma área, conseguem formular imagens de absorção e espalhamento de cores, superando, assim, uma limitação dos microscópios ópticos anteriores.
“É como usar o polegar para controlar o jato de água de uma mangueira”, compara Ming Liu, professora associada na Faculdade de Engenharia de Marlan e Rosemary Bourns da UC Riverside e coautora da descoberta, em nota. “Você sabe como obter o padrão de pulverização desejado mudando a posição do polegar e, da mesma forma, no experimento, lemos o padrão de luz para recuperar os detalhes do objeto bloqueando o bocal de luz de 5 nanômetros”.
Segundo os pesquisadores, a nova técnica de nano-imagem colorida também poderá ser usada para melhorar a compreensão de reações químicas como a catálise, com contribuições para a óptica quântica e, claro, a nanoeletrônica. Antes acinzentados, nanotubos de carbono agoram poderão mostrar sua paleta de cores única.
Fonte: Galileu