Você já deve ter ouvido que o Irã representa uma “ameaça nuclear” para Israel, né? Mas será que é isso mesmo? Vamos voltar no tempo e entender como a disputa em torno do programa nuclear iraniano virou peça central de uma das maiores tensões do século 21 — e o que isso diz sobre a nova guerra entre os dois países.
Começo de tudo: o Irã também já teve apoio dos EUA
O programa nuclear iraniano começou lá nos anos 1960 — e, olha só, com apoio direto dos EUA e da Alemanha, ainda no governo do xá Reza Pahlavi, aliado do Ocidente. Foi só depois da Revolução Islâmica de 1979 que tudo mudou. O novo líder, o aiatolá Khomeini, proibiu armas nucleares por serem “contra os princípios do Islã”.

Irã X Israel: dois pesos, duas medidas?
- O Irã sempre submeteu seu programa nuclear à AIEA, órgão da ONU que fiscaliza esse tipo de coisa.
- Já Israel nunca reconheceu oficialmente ter armas nucleares, mas é amplamente apontado como possuidor de um dos maiores arsenais secretos do mundo — e não permite inspeções internacionais.
- A pergunta que não quer calar: por que os EUA e a ONU cobram o Irã, mas não Israel?
Um histórico de tentativas (e sabotagens) de acordos
- Em 2010, Brasil e Turquia mediaram um acordo para limitar o enriquecimento de urânio no Irã. O Irã aceitou. Mas os EUA recuaram.
- Em 2015, o acordo nuclear (JCPOA) foi assinado entre o Irã e potências mundiais, limitando o programa iraniano em troca do fim das sanções. Mas Trump rompeu com tudo em 2018.
- Em 2024, o Irã voltou a negociar. Tudo ia bem… até Israel atacar instalações iranianas. O Irã cancelou tudo e acusou os EUA de cumplicidade.
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AIEA: fiscal independente ou peça no tabuleiro?
A Agência Internacional de Energia Atômica, que fiscaliza programas nucleares, mudou o tom em 2025. Apesar das inspeções em curso, passou a dizer que não pode garantir que o programa iraniano é “pacífico”. Para analistas, essa mudança não foi técnica, mas política.
“Foi quando Netanyahu começou a falar abertamente sobre atacar o Irã que a AIEA mudou o discurso”, diz o analista geopolítico Ali Ramos.
O que o Irã realmente quer?
Segundo estudiosos, o programa nuclear iraniano sempre teve mais foco energético e medicinal do que militar. O país sofre com crises energéticas e precisa de tecnologia para, por exemplo, produzir isótopos para tratamentos contra o câncer.
E o próprio aiatolá Ali Khamenei emitiu uma fatwā (lei religiosa) proibindo a produção e uso de armas nucleares. Isso foi reafirmado várias vezes.
O que está em jogo na nova guerra?
Analistas como Robson Valdez e Ali Ramos veem a guerra como parte de uma estratégia maior de Israel e potências ocidentais para impedir que o Irã se torne um polo de poder regional — econômica, industrial e militarmente.
“Para Israel, não basta que o Irã não tenha bomba. Ele precisa continuar fraco, sem crescer, sem disputar influência no Oriente Médio”, afirma Ramos.