A rede de TV Al-Jazeera informou no domingo (10/08) que cinco jornalistas da emissora — dois correspondentes e três cinegrafistas — morreram durante um bombardeio israelense contra uma tenda de imprensa na Cidade de Gaza.
Entre as vítimas está Anas al-Sharif, um dos correspondentes mais conhecidos do canal, que fazia cobertura diária da guerra. Segundo a emissora, o ataque atingiu uma estrutura montada na entrada principal do hospital al-Shifa. O exército israelense confirmou a ação e acusou al-Sharif de ser um “terrorista” ligado ao Hamas, alegando que ele se passava por jornalista — declaração rejeitada por organizações de defesa da imprensa.
Os outros mortos foram identificados como o correspondente Mohammed Qreiqeh e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa.
Acusações de Israel e rejeição pela ONU
O exército israelense confirmou ter realizado o ataque e acusou Al-Sharif de ser líder de uma célula do Hamas, afirmando que ele “se passava por jornalista”. Tel Aviv alega que possui documentos e informações de inteligência como prova.
Entretanto, as Nações Unidas já haviam rejeitado essa acusação. Em julho, a relatora especial da ONU, Irene Khan, declarou que as alegações eram infundadas e alertou para o risco de o repórter ser morto. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) também afirmou que Israel não apresentou provas que sustentem a versão oficial.
“O padrão de Israel de rotular jornalistas como militantes sem fornecer provas levanta sérias questões sobre sua intenção e respeito pela liberdade de imprensa”, disse Sara Qudah, diretora regional do CPJ.
Reações internacionais
O Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) condenou o ataque, chamando-o de “crime de guerra” e apelando para que jornalistas do mundo todo se solidarizem com colegas palestinos.
O Hamas afirmou que a morte dos profissionais pode marcar o início de uma nova ofensiva militar israelense, anunciada no mesmo dia pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
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Conflito mais letal para jornalistas em décadas
Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), a guerra em Gaza já matou cerca de 200 profissionais de imprensa, tornando-se o conflito mais letal para jornalistas nas últimas décadas, superando até a guerra no Iraque.
O Sindicato de Jornalistas Palestinos classificou o episódio como “crime sangrento”, enquanto a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse estar “horrorizada” e criticou Israel por rotular jornalistas como militantes sem apresentar provas concretas.
A relação entre Israel e a Al-Jazeera é marcada por tensões históricas, com restrições e operações contra a emissora. O Catar, que financia parcialmente o canal, também abriga líderes políticos do Hamas e tem atuado como mediador indireto nas negociações.
Contexto do conflito
A guerra entre Israel e Hamas já dura 22 meses e é considerada o conflito mais letal para jornalistas nas últimas décadas, segundo a RSF e o CPJ, com mais de 200 profissionais de imprensa mortos. Israel continua impedindo a entrada de equipes internacionais de cobertura em Gaza, o que faz com que veículos estrangeiros dependam de jornalistas locais para reportar a crise humanitária.