Rio Bonito do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, vive dias de reconstrução e recomeço. O tornado que atingiu a cidade no último sábado (9) deixou um cenário de destruição — casas no chão, escolas arrasadas e histórias de quem sobreviveu por pouco. Agora, entre os escombros, o que se vê é solidariedade e força para reerguer o que o vento levou.
Aos 89 anos, seu José Sabatino Filho ainda tenta entender o que aconteceu.
“Foi questão de um minuto. Só ouvi o estouro, pow! E começou a cair tudo. Minha mulher se jogou embaixo da mesa, e eu fiquei encostado na parede. Correr pra onde? Levei as mãos à cabeça e esperei passar”, relembra.
A casa dele, que ficava no centro da cidade, foi totalmente destruída. Atrás, outras cinco residências foram levadas pelo vento.
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Em outro canto de Rio Bonito, Cleiton Wieczorkovski voltou de viagem e encontrou o que restava do lar.
“Na entrada da cidade, vi o posto destruído. Logo depois, um redemoinho preto passou e acabou com tudo. Minha casa foi abaixo. Não tinha o que fazer”, contou.
Estragos e mobilização
O tornado, com ventos que chegaram a 330 km/h, destruiu não só casas, mas também o ginásio e o prédio do principal colégio estadual da cidade. Parte da estrutura de aço ficou completamente retorcida.
O governo do Paraná e a prefeitura anunciaram uma força-tarefa para reconstruir o colégio, com previsão de entrega até fevereiro de 2026. As obras já começam nesta segunda-feira (10). O ginásio deve ser recuperado em seguida, para garantir condições de estudo e trabalho para alunos e professores.
Solidariedade que move
Enquanto as máquinas começam a trabalhar, as pessoas fazem o que podem. Pontos de doação e distribuição se espalharam pela cidade.
Produtos de limpeza, água, fraldas e protetor solar estão entre os itens mais procurados.
Simone Regina Cosseau, voluntária em um desses pontos, explica:
“O pessoal precisa muito de material de limpeza, fraldas tamanho extra G e protetor solar, porque muitos estão trabalhando na reconstrução sob sol forte.”
Até agora, mais de 1,3 mil pessoas já se cadastraram para receber ajuda financeira, segundo o governo estadual. Cidades vizinhas, como Cascavel, também enviaram apoio. E, com a previsão de novas chuvas, a 15ª Brigada do Exército instalou dez barracas para abrigar famílias que ainda não têm para onde ir.
Em meio à tragédia, Rio Bonito do Iguaçu tenta se reerguer com o que tem de mais forte: o espírito coletivo de quem acredita que o amanhã ainda pode ser melhor.
