A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelou o funcionamento de um verdadeiro “tribunal do crime” dentro do Complexo da Penha, zona norte do Rio. O esquema fazia parte da estrutura do Comando Vermelho (CV) e foi o ponto de partida para a megaoperação policial da última terça (28), que terminou com 121 mortos, a mais letal da história do estado.
Segundo a denúncia, o grupo impunha um sistema de punições violentas, decididas por lideranças que controlavam o território com base no medo e na força. Moradores que desrespeitassem regras impostas pela facção eram “julgados” e torturados por determinação direta das chefias.
👤 “Doca” ou “Urso”: o chefão do terror
No topo da hierarquia está Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso” — apontado como o principal líder do CV na Penha.
De acordo com o MPRJ, ele comandava as ações à distância, utilizando grupos de WhatsApp para ordenar execuções, castigos e movimentar o tráfico.
As mensagens interceptadas mostram que Doca decidia o destino de moradores e rivais com frieza, dando ordens que eram cumpridas fielmente por seus subordinados.
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🔪 “BMW” e “Gardenal”: os executores
Logo abaixo na linha de comando estão Juan Breno Malta Ramos Rodrigues (“BMW”) e Carlos da Costa Neves (“Gardenal”), dois dos nomes mais temidos da região.
A dupla é acusada de liderar sessões de tortura, arrastando pessoas amarradas e nuas pelas ruas da Penha, enquanto gravavam as agressões.
Em um dos vídeos anexados à denúncia, BMW aparece rindo enquanto a vítima implora para não morrer.
Outro episódio mostra o “tribunal” decidindo o castigo de uma mulher que havia se envolvido em uma discussão em um baile funk. A punição: ficar dentro de uma banheira de gelo, método usado para humilhar e causar sofrimento.
Uma das mensagens enviadas pelos criminosos trazia a frase: “Paizão não quer bater em morador, aí a melhor forma será essa”, acompanhada de emojis de urso — referência a Doca.
💀 “Bafo”: mais um nome do tribunal
O terceiro nome citado pelo MP é Fagner Campos Marinho, o “Bafo”, acusado de torturar e matar uma vítima durante uma sessão de espancamento.
Em um dos registros, Bafo chega a perguntar: “Quer morrer logo?”, enquanto a vítima agoniza e implora para que ele pare.
⚖️ Violência como forma de controle
O “tribunal do CV” funcionava como instrumento de poder e estratégia de domínio territorial.
As punições públicas serviam para espalhar o medo e garantir o controle do tráfico nas comunidades da Penha.
O MPRJ afirma que as ações eram organizadas e hierarquizadas, com cada integrante cumprindo ordens diretas do alto comando da facção.
A investigação, que deu origem à megaoperação desta semana, busca agora capturar os líderes foragidos, entre eles o próprio Doca, que escapou do cerco policial e segue sendo considerado um dos criminosos mais procurados do Rio.



