O ex-presidente dos EUA e pré-candidato à Casa Branca, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil a partir de 1º de agosto — e o motivo surpreendeu: segundo ele, o Brasil estaria promovendo uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, atualmente réu por tentativa de golpe de Estado.
A medida foi comunicada por meio de uma carta enviada ao presidente Lula (PT), em que Trump também acusou o governo brasileiro de “censurar plataformas de mídia social dos EUA” com ordens secretas.
O tarifaço se soma a medidas parecidas impostas a outros 21 países — incluindo aliados de longa data dos EUA como Japão e Coreia do Sul. Mas o Brasil foi o único a receber uma justificativa abertamente política.
A Briga é política, não econômica
A decisão de Trump pegou mal no mercado e entre analistas internacionais. O jornal New York Times afirmou que o caso “mostra como as disputas pessoais de Trump podem influenciar sua política externa”. Já o analista Ian Bremmer, CEO da Eurasia Group, classificou a medida como uma tentativa clara de interferência na política interna do Brasil.
O curioso é que não há desequilíbrio comercial que justifique esse tarifaço. Na real, os EUA tiveram superávit de US$ 650 milhões com o Brasil só no primeiro trimestre deste ano. Mesmo assim, o país já enfrenta tarifas de 50% sobre aço e alumínio.
Brics na mira
Trump também tem deixado claro seu desconforto com o Brics — bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã e outros. No domingo (6), ele declarou que países alinhados ao Brics sofrerão retaliações, acusando o grupo de tentar “desvalorizar o dólar”.
A fala veio logo após a 17ª Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, que discutiu formas de criar uma moeda comum e reduzir a dependência do dólar em transações internacionais.
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Impacto no Brasil: dólar dispara, bolsa cai
A resposta do mercado foi imediata:
- O dólar à vista fechou em R$ 5,50 (alta de 1,04%).
- O dólar futuro para agosto rompeu R$ 5,60.
- O Ibovespa, principal índice da B3, caiu mais de 1%, puxado pelo setor financeiro e pelas commodities.
A equipe econômica do governo Lula ainda não se pronunciou oficialmente, mas já avalia a medida como uma “politização perigosa” da relação comercial.