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segunda-feira, novembro 10, 2025

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Licença-paternidade de 20 dias é avanço, mas o cuidado com os filhos ainda pesa mais sobre as mulheres

O Brasil acaba de dar um passo importante na luta por mais igualdade entre pais e mães. A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3935/2008, que amplia a licença-paternidade para até 20 dias — um avanço histórico, mas que ainda revela o quanto o país está longe da verdadeira equidade no cuidado com os filhos.

A mudança é comemorada, mas também vista como um lembrete de que o trabalho de cuidar ainda é, na prática, uma tarefa concentrada nas mulheres. É o que explica a socióloga e psicanalista Marta Bergamin, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

“O Brasil ainda carrega papéis muito marcados entre homens e mulheres. As mães são associadas ao cuidado e os pais, ao trabalho. Esse é um modelo que precisa mudar.”

Para ela, ampliar a licença dos pais é importante, mas não resolve o desequilíbrio.

“Esses 20 dias são um avanço simbólico, mas ainda não mudam a rotina das mulheres, que continuam sobrecarregadas com a chamada dupla jornada.”

Licença para cuidar — e não só trabalhar

Enquanto o Brasil começa a dar seus primeiros passos, outros países já caminham à frente. Em lugares como Alemanha, Noruega e Suécia, existe a licença parental, que pode ser dividida entre mãe e pai, permitindo que ambos participem ativamente dos primeiros anos da criação dos filhos.

O sociólogo Rafael da Costa, que está prestes a ser pai, comemora a aprovação da lei, mas com ressalvas:

“É um avanço, mas chega tarde. Na Europa, esse debate é antigo. Precisamos testar modelos mais modernos, que incluam todos os tipos de família.”

Ele também levanta um ponto sensível: a informalidade no mercado de trabalho.

“Essa lei é voltada para quem tem emprego formal. Mas e quem é autônomo, freelancer ou trabalha por conta própria? A maioria pode não sentir esse avanço na prática.”

Impacto social e econômico

O economista Euzébio Sousa destaca que a licença estendida não é apenas uma vitória social, mas também uma medida econômica inteligente.

“Quando os pais participam do cuidado desde o início, o mercado entende que homens e mulheres têm as mesmas responsabilidades familiares. Isso ajuda a reduzir a desigualdade de gênero e pode até aumentar a produtividade.”

Segundo ele, incluir os homens nas tarefas de cuidado é um sinal claro de que o país está amadurecendo.

“Dividir o cuidado é questão de justiça social, mas também de desenvolvimento econômico. É bom para as famílias e bom para o país.”

Setor bancário: dez anos à frente

Algumas categorias, no entanto, já estavam à frente dessa mudança. Os bancários de São Paulo, Osasco e região conquistaram a licença-paternidade de 20 dias ainda em 2016, e desde então o benefício faz parte da Convenção Coletiva de Trabalho.

A presidente do sindicato da categoria, Neiva Ribeiro, destaca que essa conquista vai além dos direitos trabalhistas.

“Mais tempo de licença significa mais vínculo entre pais e filhos e uma divisão mais justa das responsabilidades dentro de casa. Essa é uma vitória que transforma realidades.”

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