Nos últimos anos, a lidocaína intravenosa tem ganhado destaque como uma possível solução para pacientes que sofrem de dores crônicas de cabeça, especialmente os casos mais graves e refratários, como enxaqueca crônica que não responde bem a tratamentos convencionais.
Tradicionalmente conhecida como anestésico local utilizado em procedimentos odontológicos e cirurgias pequenas, a lidocaína, quando administrada via endovenosa, tem demonstrado efeitos analgésicos centrais que podem ser úteis no controle da dor crônica.
O que é a lidocaína?
A lidocaína é uma substância anestésica do tipo amida que age bloqueando os canais de sódio nos nervos, o que impede a condução dos impulsos nervosos relacionados à dor. Quando administrada de forma intravenosa e sob rigoroso controle hospitalar, ela pode atuar no sistema nervoso central, modulando a dor em pacientes com síndromes dolorosas complexas.
Por que considerar seu uso em dores crônicas de cabeça?
Para pacientes com enxaqueca crônica refratária — ou seja, que não melhoram mesmo após o uso de múltiplas classes de medicamentos — a lidocaína intravenosa surgiu como uma alternativa de resgate. Ela pode ser usada em internações de curta duração (de 3 a 5 dias), com o objetivo de “reiniciar” o sistema nervoso central, reduzindo a frequência e a intensidade das crises.
O que dizem os estudos?
Diversos estudos vêm investigando a eficácia da lidocaína endovenosa nesse cenário. Uma pesquisa publicada no Journal of Headache and Pain apontou que pacientes tratados com infusões contínuas de lidocaína apresentaram melhora significativa da dor, com resposta em até 70% dos casos.
Outro estudo, realizado pela Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, também demonstrou que a administração de lidocaína por via intravenosa resultou em alívio temporário das crises, sendo útil especialmente como ponte para novas terapias de prevenção.
Siga o Jovem na Mídia nas Redes Socias: Instagram e Facebook
Por outro lado, ainda há poucas revisões sistemáticas e ensaios clínicos de grande escala que padronizem o uso da substância nesse contexto. Os dados atuais, embora promissores, ainda são considerados preliminares pela comunidade médica.
Prós do uso da lidocaína endovenosa
- ✅ Alívio rápido da dor em pacientes com enxaqueca refratária.
- ✅ Pode quebrar o ciclo da dor crônica, especialmente em internações curtas.
- ✅ Alternativa viável quando medicamentos tradicionais falham.
- ✅ Possui efeitos anti-inflamatórios e neuromoduladores.
Contras e riscos
- ⚠️ Pode causar efeitos colaterais como náusea, tontura, tremores, hipotensão e arritmias.
- ⚠️ Requer monitoramento hospitalar intensivo, devido ao risco de toxicidade.
- ⚠️ Não é indicada para uso contínuo ou domiciliar.
- ⚠️ Estudos ainda são limitados e carecem de padronização.
O que dizem os especialistas?
Segundo a neurologista Dra. Camila Soares, especializada em dor crônica, “a lidocaína endovenosa é uma estratégia de resgate válida, mas que deve ser usada com muito critério. É indicada apenas para casos bem selecionados e em ambiente hospitalar.”
Ela ainda ressalta que o ideal é combinar a lidocaína com um plano de prevenção a longo prazo, que inclua mudanças no estilo de vida, abordagens psicoterapêuticas e novos medicamentos preventivos aprovados, como os anticorpos monoclonais.
Conclusão
A lidocaína endovenosa representa uma esperança para quem convive com dores crônicas de cabeça que não melhoram com os tratamentos usuais. No entanto, seu uso deve ser sempre avaliado por especialistas, respeitando protocolos rigorosos de segurança. Embora não seja a solução definitiva, pode ser uma ferramenta valiosa no manejo da dor e na melhoria da qualidade de vida de muitos pacientes.