Uma comissão de alto nível do Vaticano decidiu, por ampla maioria, manter a Igreja Católica restrita ao clero masculino. O grupo votou 7 a 1 contra a permissão para que mulheres sejam ordenadas como diaconisas, segundo relatório entregue ao papa Leão XIV e tornado público na quinta-feira (4).
De acordo com o documento, a análise histórica e teológica conduzida pela comissão “não permite, no momento, abrir caminho” para o diaconato feminino. Apesar da posição firme, os especialistas recomendam que o tema continue sendo estudado, deixando margem para revisões futuras.
O relatório destaca que, embora haja argumentos relevantes dos dois lados, a avaliação atual “ainda não oferece base suficiente para uma decisão definitiva”.
Um debate que divide a Igreja há décadas
A discussão sobre mulheres no diaconato ganha força desde o pontificado do falecido papa Francisco, que chegou a criar duas comissões para investigar o tema. Os grupos trabalharam em sigilo, e os resultados da nova comissão representam a primeira manifestação pública desde então.
Hoje, diáconos têm funções importantes: podem realizar batismos, presidir casamentos e funerais e, em algumas regiões, até liderar paróquias onde não há padres. No entanto, somente sacerdotes podem celebrar a missa, o que mantém a hierarquia clerical masculina intacta.
História e expectativas
Defensores da mudança apontam registros de mulheres que atuaram como diaconisas nos primeiros séculos da Igreja. Entre os exemplos mais citados está Phoebe, mencionada pelo apóstolo São Paulo como diaconisa em uma de suas cartas.
Ainda recém-eleito, o papa Leão XIV não declarou publicamente sua posição sobre o assunto, o que mantém o clima de expectativa dentro e fora do Vaticano. A última palavra clara da liderança católica sobre mulheres no clero veio em 1994, quando João Paulo II proibiu sua ordenação como sacerdotes — mas sem tratar especificamente do diaconato feminino.




